sinto saudades de muita gente neste momento *
sei que há alguém que nunca mais vou ver, mas sempre que fecho os olhos parece que vem ao meu lado e me dá um beijinho, e um abraço .
sinto muita falta de alguém que era sábio, sempre sabia ver o projecto bom e mau das pessoas, ele sempre dizia quando ninguém acreditava ele permanecia calado, talvez herdei essa grande qualidade (...)
sinto muita falta de alguém muito trabalhador, alguém que gostava de lutar para ter a suas coisas.
sinto falta de visitar-te e ver-te la fora com uma maça na mão a dar aos bocadinhos aos passarinhos, achava lindo quando lhes falavas e eles respondiam, amava ouvir dizer-te 'vês olha, eu falo com eles e lá estão eles a falar comigo' e sorria com aquele sorriso que ninguém resistia, mas mesmo assim eu arrependo-me de todos os dias não te ir visitar e te dar um beijinho .
Sinto tanta falta de alguém malandreco que só fazia asneiras, mas adorava :)
lembro-me quanto o rápido foi que ficas-te mais velhinho, e pronto demos-te aconchego aqui em casa, num quartinho pertinho do meu, ouvia-te respirar antes de dormir e sorria... e continuavas aquele que so fazia asneiras, mas eu amava-te (:
até que cada vez desceste muito e olhei para ti e as lagrimas corriam o meu rosto, toda a gente preocupara à tua volta (...) os medicos sabiam como curar-te, e tu foste, eu fiquei aliviada ao pensar que ias melhorar e ia continuar a conversar contigo, dar-te bolachas e um iogurte, dar-te sermoes e tu a mim, de te dar beijinhos e abraços fortes *
então fazia lá uma semana mais ao menos e estavas no hospital, ficava na escola sem tempo para te ir visitar e quando o tinha receava nao conseguir olhar para ti (...)
mas chagavam a casa com os olhos cheios de água, e a dizer 'o vozinho está mal' eu não aguentei e disse rapido 'eu qero ir vê-lo, levem-me la por favor' (...)
durante a viagem tentei dar forças a mim mesma que ias sair dali rapido.
cheguei la dentro pelos corredores sem saber em que porta estavas, ouvia os doentes a queixarem-se, outros todos feridos, e encontrei-te, a lagrima caiu e eu limpei-a rapido, cheguei ao teu lado a tentar fazer uma conversa, tu cheio de maquinas, nao falavas... eu disse:
- Olá vôzinho :)
tu não falas-te e olhaste-me muito serio, e fazias um gesto como que alguem pedia algo, percebi então que era agua
peguei no copo, tinha uma especie de esponja nao sabia como haveria de dar cm aquilo, meu deus (...) disse á enfermeira:
-Sr. enfermeira, o meu avô qer agua, como lhe dou, por favor ?!
ela manteu silencio e não respondeu, e a lagrima caiu-me novamente...
e eu disse:
- vô, eu acho que sei como se faz, dou tudo o que voce quiser.
ele estava aflito com sede, e amarrou-me no braço , eu não contive os olhos encheram-se agua, ele não podia ver, virei-me rapido de lado limpei e ouvi-o:
- água!
eu dei-lhe e por final nao aguentava e disse:
- eu vou chamar a vózinha, sim ? fique bom rapido
baixei-me até a sua face e dei-lhe um beijinho e disse baixinho 'gosto muito de si'
e sai de la a correr e desatei a chorar !
Eu vi (...) mas vi e disse para mim mesma que ias viver, eu sabia que sim !
Passaram dias e estava na escola numa aula de desenho, e deu-me uma dor no coração e queixei-me e disseram-me que o coração nao doía, mas eu insistia e aquilo passou, faltavam 5min para dar o toque de saída, quando alguém bate á porta:
- Sr. professora a Bárbara pode vir ca fora ?
eu fiquei preocupada, pensava que era algo da escola, e a professora deu-me autorizarão e saí . Cheguei la fora e disse:
-que se passa ?
Acarinhou-me e disse-me baixo, a funcionaria:
- O teu avô faleceu
eu nao respirei (...) dei um suspiro e começei a chorar como nunca chorei, com dores de coração como nunca tive, e sim o coração dói muito !
e so tive coragem de dizer:
- não brinque com isso.. você esta a brincar não está ?
e ela abraçou-me e disse-me:
-não... olha a tua prima.
corri para ela e abracei-a ..
não estava em mim, não acreditei, fui para o carro ainda a tentar perceber se o mundo é justo, se era justo eu não me ter despedido dele ...
cheguei lá, onde estavas no hospital, e não tinha força de abrir a porta quando olhei para fora e i tias, tios, primos, primas, a minha irmã, o meu pai, a minha mãe... a minha avó !!
mas reagi de forma clara, pensando que tu não estavas morto, abri a porta desci devagar, entrei cheirava a flores , ao teu perfume sem cheiro teu , e quando te vi, estavas da cor de uma folha antes de ser desenhada, frio (...) fiquei á porta sem sentir o meu corpo, e a minha mãe abraçou-me e disse:
- vai dar-lhe um beijinho!
e eu fui, fui e senti que ja não estavas ali mas atras de mim a abraçar-me com MUITA força ! e olhei em volta, tinhas seguranças, tinhas tudo a chorar, eu não estava em mim avô !
abracei de novo a minha mae e disse:
- Isto não é justo, não é verdade !!! :'(
fui para o carro... seria a altura do funeral e foi a pior coisa da minha vida !
fiz fila para poder tocar-te pela ULTIMA VEZ :(
e cheguei perto de ti e a minha alma limpou-se... dei-te um beijo profundo, tão grande, cheio de dor , mas cheio de AMOR !
e quando alguém te punha num buraco, eu gritei e disse abraçada ao meu pai:
- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! ele nao pode ir prali, eu qero o vôzinho...
eu chorava e nao parava, peguei numa rosa e disse-he baixinho ' fica com o meu avô sempre, para onde ele for, vai com ele, da-lhe um beijinho '
beijei a flor
as lagrimas cairam juntamente com as gotas de chuva
e disse-te o ultimo adeus !
adeus esse que o tratei como um 'até ja Avô' ! ♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥
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